sábado, 24 de outubro de 2009

Caim

Quando vi a polémica do Saramago em torno sobe o seu novo livro Caim só me ocorreu uma coisa ...Gostava de ver o Saramago escrever sobre o Alcorão.
Tenho um pequenino feeling que o senhor nunca escreveria um livro sobre o Islão com expressões do estilo que escreveu em Caim.Jamais ousaria escrever no seu livro expressões como profeta mentiroso, profeta filho da p**** e por aí em diante.Mais ainda, ousaria escrever que o Alcorão era "manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".

Mas é assim, Saramago sabe bem que as suas declarações são a fundo perdido e com resultados directos inconsequentes. Saramago sabe bem que meia dúzia de provocações rascas fará todas as luzes dos holofotes apontadas para si e publicidade gratuita dá sempre jeito.
E claro, o estatuto de Nobel da literatura faz com que tudo o que toque fique transformado em ouro. Porém se no Envangelho Segundo Jesus Cristo resultou, porque não deveria resultar agora? Polémica é o que se quer e a saloice portuguesa agradece!

A mim, mais não me parece do que um recalcamento de alguém zangado e revoltado com a Igreja e que jamais perceberá ou atingirá o conceito de Fé. Obviamente José Saramago escreve o livro com uma ideia pré-concebida de um Deus mau e injusto em que mais não faz do que um aglomerado de "teses" que vão de encontro à sua ideia. Vi uma entrevista em que Saramago considerava-se um radical! Pois bem, talvez para um senhor de 80 anos a ideia de radical seja um pouco diferente da minha, mas o que há de radical no que fez? O que ele fez não é mais do que outros escritores como Dan Brown têm feito para vender livros como pães quentes.

Tenho também um pequeno feeling que se falasse do Alcorão, esta guerra de palavras nem chegaria a ser feita na comunicação social, com frases cada vez mais bombásticas e irascíveis. E sim, deveria ser certamente uma experiência mais "radical".

Esperava-se de um Nobel um livro com um tema inovador, com ideias mais elevadas. O Caim é mais um livro que absorveu as características de um best seller Fnac, do que propriamente um livro com rasgo de genialidade literária.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os Ídolos

O meu maior sonho em criança era cantar bem! Mas pronto há muitos anos que fui informada que não cantava assim tão bem quanto pensava e que basicamente era mais fácil ir à lua do que algum dia ser cantora e ganhar o festival da canção.

Há uns anos atrás o Festival da Canção era algo muito sério. O país parava completamente para ver o festival e as pessoas vibravam totalmente com isso. Eu lembro-me de cantar vezes sem conta as músicas do festival com as minhas amigas na escola ( " Já fui ao Brasil, Praia e Bissau, Angola, Moçambique..." blá blá blá) e de todos os miúdos e pessoas mais velhas saberem de cor as várias letras dos vários festivais.

Hoje em dia o Festival da Canção está como o concurso da Miss Portugal totalmente fora de moda, com Miss chamadas de Sónias Carinas ou Micaelas Sofias. O Festival morreu talvez a partir do momento em que surgiram mais dois canais televisão portuguesa e se passou a dar importância a outros formatos como o Chuva de Estrelas e por aí por diante.Hoje dia todos os formatos estão praticamente esgotados, porque ouvir cantar bem é uma seca, um cliché completo e por isso, pelo factor surpresa o Ídolos tem o seu mérito.

Cada vez que vejo o ídolos pergunto-me se aquela gente não tem amigos, não tem pais que lhe digam... " tu não sabes cantar puto" porque assim dispensavam este tipo de comentários do júri, que pelos vistos são os únicos a dizer a verdade.

A propósito da sinceridade, isso faz-me lembrar a minha prof. de inglês que tinha um olho para cada lado, fez uma operação para corrigir aquilo há uns mesitos e a filha durante 28 anos jurou a pés juntos que nunca se tinha apercebido! Como não??!! A sinceridade é chata, bem sei, e por isso pais mentem com todos os dentinhos que tem na boca relativamente ás faculdade do rebento até que há um ponto em que a mentira se começa a entranhar no sangue e parece tornar-se como verdade. Não tenho dúvidas que quando aqueles pais dizem " o meu filho vai ser o próximo Ídolo de Portugal" é porque acreditam piamente nisso.

E foi de chorar a rir ver tantos cromos no programa que se sujeitam a ir a ali, estarem horas infinitas na fila à espera de serem chamados e consequentemente ainda terem a possibilidade de abandonar a loucura, virarem as costas e ir para casa comer torradas ... mas não, ficam ali, até à última, à espera da sua vez de serem humilhados. A Sic sabe bem que o que vai dar audiência ao programa não é ver gente a cantar bem, mas antes pelo contrário ver gente a cantar mal e ter tido a lata de ter ido ali, ou então, possivelmente uma virgem de 50 anos, com ar de totó a cantar um clássico dos "Les Miserable".

Numa altura em que tanto se ouviu falar em asfixia democrática, aqui temos a prova como a SIC não compactua com esse alinhamento e jamais irá calar os rouxinóis e não só... por esse Portugal fora.

Quem vai ser o Ídolo? Mas isso interessa??!! Quando acabar os castings, para mim, fechou-se o pano.

domingo, 4 de outubro de 2009