quarta-feira, 30 de maio de 2007

Política de Rigor ou uma Política Pró- Bufos?

Hoje houve greve geral! Nem com terror da " black list socrática" me pareceu com menos adesão das outras vezes, pelo menos fiquei com essa ideia...

Aqui por Lisboa vê-se bem que está em greve….é só olhar à nossa volta e ver um monte de gente ainda com um ar mais tresloucado do que no dia- a dia, ver mais do que o normal de pessoal a falar sozinho e a gesticular como se tivesse com alguém ao lado e temos o primeiro prenúncio que há greve… Depois o cheiro a lixo não engana: é cheiro a greve!

Vê-se filas intermináveis de carros a cercar todos os pontos da cidade, filas de gente à espera dos transportes públicos (os de reserva e que asseguram os serviços mínimos).

A cara das pessoas que os esperam parece já ter vindo treinada de casa, é a cara da seca antecipada, a antecipação do terror que é apanhar um autocarro ( o bendito autocarro) num dia de greve!

E quando chega não deixa de ser um bombom envenenado, porque vem à pinha de gente, com direito a testas pregadas aos vidros do autocarro e um cheiro a humanidade acentuado.

Há sempre um chico esperto que tenta furar a fila, que não se arrelia com os bocas afiadas dos que estão atrás, e essa chica espertice... pode sair-lhe cara! sim… habilita-se a levar uma sova valente e a ir parar ao hospital a chorar de dores … para aprender a gramar com civismo a fila nas urgências num hospital!( Que também está em greve!).

Há também ainda os resistentes que se tentam enlatar desesperadamente num autocarro a quadriplicar a lotação máxima. Não há grande hipótese, é um facto!

Pois bem, de loucura já me chegou na greve anterior em que para piorar o cenário caótico, estava a chover a potes.Desde esse dia que percebi que dia de greve é um dia para não fazer greve às pernas… e toca a andar!

Hoje deixei-me de ingenuidades e saí a pé de casa....(A greve é um direito constucional... pensei! e não foi por isso que fiquei menos lixada!). Contudo, a distância não era assim tanta , e nem os saltos altos da praxe me intimidaram, e siga “ á la pate”, e cheguei mais rápido do que se tivesse à espera de certeza absoluta!

Pelo caminho fui ouvindo comentários relativos à greve… “ é uma vergonha!”, “ acho muito bem! ”, “ isto vai de mal a pior”, " Isto parece que voltamos ao fascismo", " Isto é política de Rigor"...

Há sempre os “comentadores políticos” das filas intermináveis dos autocarros que falam coisas indecifráveis ( eu não percebia nada)com tanta convicção que poderiam fundar uma Igreja que teriam sem dúvida súbditos e a “dízima” de algumas centenas de pessoas a pingar no bolso todos os meses…passou-lhes um talento ao lado. E há tambem os sindicalistas que falam dos "bufos" e dos "fura -greves" que estão à espera do rebuçado pela "boa conduta" , " prontos a mandar a facadinha no colega".

Ouvia-se elogios ao governo e críticas a estourar por todos os lados… e as opiniões dividem-se. Os números da adesão, esses, como sempre nunca são consensuais. Fazendo uma média entre os números dos sindicatos e do governo, talvez teremos um valor aproximado...

Mas uma coisa é certa, desta vez, os tentáculos do nosso PM estão à mostra ( quer a listagem dos grevistas) e está em braço de ferro com os sindicatos. Esta questão leva-nos a questão da " inconstitucionalidade" da medida. Simplesmente Rigor? Ou uma política de Pró- bufos?( Fico com o que me parece...)
A ver vamos!

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Ps: O que eles ( os grevistas e os sindicatos) conseguiram com a greve... eu não sei! Eu cá fiquei com uma dor nós pés, e tramada por não ter transportes...
Quando ainda hojé é anunciado o despedimento de 700 pessoas na Delphi.. não deixa de ser irónico uma greve geral!(Dá Deus Nozes...)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Há dias assim

Pois é, há dias que me parecem iguais, ridiculamente iguais e que parece que perco a noção do tempo. Em olho para a vida e parece-me bordada de hábitos que se tornam monónotos e de uma só cor. Outros em que me refugio neles e me parecem honestamente confortáveis.

Há dias em que me apetece acordar assim que amanhece e avisto os primeiros raios de sol da minha janela, outros que só me apetece dormir e até a própria iluminação que insiste em ultrapassar as pressianas do meu quarto me deixa em fúria.

Há fases de euforia que abraço com entusaiasmo e fases extremamente pacificas a que me prendo. Há dias que me apetece agitar o dia a dia como um pacote de sumo acabado de comprar e que se imagina com o concentrado todo no fundo, outras que nem isso me apetece.

Eu tenho uma certa aversão à mudança ás vezes e outras vezes que me apetece um acto de rebeldia… Essa… muitas vezes é de surra cautelosa, outras vezes dolorosamente irreflectida, outras vezes é tão saborosa quanto o é um doce numa criança gulosa.

Há dias em que tudo faz sentido, outros dias que nem por isso… há dias em que me apetece perder, outros em que só desejo me encontrar.
Há dias em que um bife poderá ser a melhor das refeições, outros em que só consigo ver peixe à frente… e que penso que me tornaria vegetariana se assim o quisesse…. Mas não o quero, naquele dia…. Talvez no outro!

Há dias em que todas as piadas são felizes, ou assim me parecem! E nesses dias, gramo com toda a calma do mundo a vizinha chata do segundo andar, as filas, perder o metro quando já estou mais do que atrasada, o arroz queimado, a camisa com a nódoa que pus ao almoço e que me passa tudo ao lado.

Depois há aqueles dias em me zango comigo, que faço uma careta ao espelho. Aí faço mil projectos e promessas em papelinhos que nem as próprias paredes confesso, e acordo a pensar que as promessas servem para ser falhadas, outros dias… em que teimo que têm que ser escrupulosamente cumpridas e fico feliz por isso.

Há dias em que adoro o branco, outros que adoro o negro. Há dias que está frio e me apetece sol e calor, outros dias que está calor e só me apetece frio… e outros simplesmente que está tudo excepcionalmente bom independentemente do tempo que esteja à janela.

Há dias em que a hora voa, outra que parece estacionado num parque sombrio. Há dias que gosto mais do sabor doce, outra do salgado...

Há dias assim!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

A UNI chegou ao Brasil




Este é o primeiro exame de " português técnico" que é comum a todos os cursos de Engenharia da UNI no Brasil.
Sejam benevolentes, porque o teste é complicado....

O aluno... dizem as más linguas que se trata de Lula da Silva. Será que conseguirá obter o título de Engenheiro? ( Estamos contigo!)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Piada ou Anedota?


Não há Português nenhum que ainda não tenha contado uma piada sobre a licenciatura do nosso primeiro Ministro. Tem servido de assunto em todo o lado e anda a vadiar por todas as casas deste país, barbearias, mercearias e um pouco por todos os lugares.

As anedotas refinaram-se e já não é a “ Matumbina “ e o “ Tiburcio” que andam na boca do povo, mas é mais precisamente o nosso Primeiro Ministro… hesito em colocá-lo como Engenheiro… mas com toda a reverência que merece, aqui vai: Senhor Primeiro Ministro José Sócrates.

Com tantas piadas ao nosso Primeiro Ministro, ainda há alguém que se ofenda e lance um processo disciplinar instaurado a um funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) por este ter feito um comentário sobre a licenciatura de José Sócrates.
( mais um , pensei eu…)

Das duas uma, ou a senhora não tem acesso a maioria das piadas que circula por ai inclusivamente pela classe política (como por exemplo quando o ministro invocou a condição de Engenheiro civil, inscrito na Ordem dos Engenheiros para defender a OTA)
ou então decidiu chocar-se com o já “ inchocável” e tomar as dores do nosso Primeiro Ministro.

Segundo se consta a frase que o ex deputado alega (adoro esta palavra) ter dito a um colega é qualquer coisa como “Se precisares de um doutoramento tens que enviar por fax”. Mas suponho que não seja a mesma frase que recai a acusação porque a directora geral da DREN visto que fala de “ insulto”. Ou será que se picou mesmo com esta frase? Será isto insultuoso? E a senhora não achou não achou gracinha nenhuma?

Se calhar levanta-se aqui uma duvida semântica do que é”anedota” e o que é “piada”.
Piada pensei eu… é quando é dito pelos apoiantes do primeiro Ministro, e ai é permitido rir muito… é piada….!Anedota é quando é dito pelos opositores, ai, já é “ jocoso” e dá direito não a umas risadas, mas por outro lado, a uma suspensão e processo disciplinar ao género “ Toma lá a ver se aprendes!”

O líder do PS/ Porto Renato Sampaio, defendeu que esta suspensão é” Um procedimento absolutamente normal”… quase que me enganava…estamos mesmo em que ano? Que Regime político é o nosso?

Ou está tudo perdido ou há aqui uma grande trapalhada com os conceitos de “piada”, “anedota” e “normalidade”….eu diria que devíamos ir todos para a Independente tirar um cursinho, deste modo pode ser que venhamos todos formatados com os conceitos a bater certo e a bater na " mouche" da graça e não da desgraça..

Para quem não tiver tempo de ir lá ao cursinho" reapreender conceitos" não se preocupem...pode ser que mandem os testes por fax para fazer em casa.

É malta amiga, pelo que dizem!
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PS1:

Parece que a frase" jocosa" não é bem essa, "alegadamente" será outra:
"Estamos num país de bananas, governado por um filho (....) de um Primeiro-Ministro"

Tb já ouvi outra versão da frase " alegadamente" dita:
"Estamos numa República das bananas, governado por um PM sacana"... ( Esta aqui até quase que rima!Boa, boa!).

.... ok... ( é mesmo necessário "reaprender conceitos"...)



PS2:
Espero que não considerem "Jocosa" a Fotografia colocada... qualquer semelhança é pura ficção!( juro!!)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

O que te faz Feliz?

As crianças têm um dom de fazerem perguntas que de tão simples se tornam complexas. “ o que te faz feliz?”. Esta é uma daquelas questões que raramente é feita por nós“ adultos” porque se calhar achamos que é uma perda de tempo e uma infantilidade perguntarmos essas coisas…. Como se a inocência tipicamente infantil permitisse reflectir na “ felicidade” e no alto do pedestal de adultos não…

Pensa-se horas a fio em assuntos da tanga, e quando se trata de olhar para “nós”, bem para além da imagem reflectida no espelho, há um descuido…o mesmo descuido o que leva as pessoas a não fazerem exames médicos… têm medo do que possam descobrir a partir daí. Ir ao médico? Para quê? Estou bem… não me dói nada!!! Pensar na Felicidade!! Para quê? Que Disparate!

Ao sermos confrontados com uma questão destas sorrimos enrascados… e respondemos…“Muita coisa”…. Na realidade não estamos preparados para responder a isto, porque nunca nos demos ao trabalho de pensar seriamente. Pelo menos não tanto tempo quanto gastamos a desviar-nos do que realmente interessa.

Crescer é em muitos sentidos um desaprender completo…Não nos questionamos muito, e deixamos de lado a fase dos “ porquês”, essa fase marca a fase infantil…e depois entramos na fase adulta marcada por verdades absolutas e inquestionáveis. Caminha-se em pontas de pés e bem devagar, para que não saia nada do lugar e nada se parta. Não vá nada partir-se e transformar-se em cacos.

Crescemos e vamos desaprendendo a ser afectuosos e a ser espontâneos. No limite somos “ treinados” para isso e somos cada vez mais contidos. E por isso, dar um abraço sem motivo nenhum àqueles que gostamos custa cada vez mais, dizer que se tem saudades é um sentimento de fraqueza porque fomos educados a despir os sentimentos e a sentirmo-nos estupidamente nus quando os mostramos e nos ornamentamos com eles.

Ser feliz no limite é reaprender, talvez…e só quando percebermos o seu significado real é que então conseguiremos dar uma resposta honesta à pergunta da criancinha
(“ o que te faz feliz?”). Eu cá, estou em reflexão, um dia dou uma resposta completa.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Um Skectch de Humor Britânico



José Mourinho é um estrangeiro em Londres… mas não é um estrangeiro qualquer é precisamente um “ Tuga”. Um Português em Londres é visto como aquele que serve à mesa cafés, está atrás do balcão ou faz as camas nos hotéis.

A imagem do “ tuga” em Londres é o bimbalhão de bigode farfalhudo, que usa fato-de-treino vermelho cheio de brilho ao domingo,está claro, e grita BIFICA… e chora quando o Simão se lesiona… que não tem modos nenhuns, que jamais compreenderá a tradição do chá das 5...o tuga bimbalhão é casado com a nazarena de sete saias, com um grande buço, que não diz uma palavra em Inglês e que pensa que “ Harorld’s” deve ser marca de supositórios.

Esse povo português das anedotas… é um português quase em extinção em Londres. E o treinador José Mourinho é precisamente o antónimo de toda esta caracterização. O Mister é um homem polido, bem vestido, bem falante, bem na vida ( muito bem) ou seja o “ anti-tuga” das anedotas. Tornou-se odioso não só pelo seu feitio ( mau feitio), não só por ser um gabarolas e arrogante, mas principalmente porque tem bons resultados…. e é um bocado complicado fazê-lo cair em desgraça…. Isso causa uma tremenda azia aos ingleses. Nem o chásinho das 5, com mais perlimpimpis que possa haver e servido com todo o preceito “ british”… retira o gostinho amargo que o José provoca na bifalhada!

Pois é, como em tudo, quem semeia ventos colhe tempestades…. e o treinador viu-se envolvido num escândalo com a polícia por causa ( imagine-se!!)da sua cadelinha sem vacinas….

Aí deve ter tido saudades do tempo em que estava em Portugal… se aqui tivesse acontecido o mesmo, o Senhor Agente de Autoridade trocava bem a multa e todos as chatices por uns autógrafos para a família toda …e ia para a casa satisfeito para durante anos ter histórias para contar, no dia que safou o “ Senhor Mourinho de uma grande chatice!”. E pronto, o Senhor Agente sempre que contasse a sua aventura, faria silêncio logo em seguida, para causar suspense. Todos ficariam a pensar que tinha sido por alguma coisa tão complicada que o seu “ sigilo profissional” não lhe permitia abrir a goela!!

Como foi em Inglaterra… eu terei de ver isto como um scketch de humor britânico : A vacina da cadelinha!
É para rir !!!!!!!!!!!!!“, deveria vir como legenda.

PS1: ver jornal " the sun"
http://www.thesun.co.uk/article/0,,2007220443,00.html

PS2: Oh Mourinho, leva lá a cadelita ao veterinário!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A mão Invisível

O país acordou do sono, de uma forma brusca, como quando toca o maldito despertador numa manhã de segunda feira. Com os olhos semi-serrados como nos primeiros segundos da manhã, as imagens foram surgindo turvas até se tornarem em realidade. Algo abalava a pacatez de um país, de um cantinho no mundo onde a segurança pensa-se ser um bem mais de que adquirido, e onde o sol sorri quase todo o ano.

Na pacatez de um país, na pacatez de uma terrinha turistica ( Praia da Luz)uma miúda Inglesa desapareceu. No início ninguém lhe sabia o nome, hoje a miudinha inglesa, todos sabemos quem é pelos piores motivos : Madeleine ( Madie). Os contornos da história ainda estão esbatidos, mas há uma linha que se imagina definida que estava por trás que ainda não se percebe... multiplicam-se as especulações. O que terá acontecido à miuda? Onde ela estará?

Todos os assuntos do dia dos transportes públicos, do emprego até à hora do jantar param inevitavelmente nela. Este caso teve repercussões muito maiores do que se possa parecer à primeira vista. Entra na esfera íntima de todas as familias portuguesas em que pairou um papão negro sobre todas elas.

Vi um cenário idêntico quando estourou o escândalo da casa pia, em que em qualquer esquina imaginava-se um presumível pedófilo. Qualquer velhote que sorrisse para uma criancinha era olhado pelas pais com medo e desdém... qualquer um poderia correr o risco de ser visto como um “ tarado”.

Durante algum tempo (muito até) um alarmismo doentio, ajudado pela comunicação social, massacrou as famílias com o horror de imagens e com histórias que mostram bem até onde poderá ir a decadência humana. Explorou-se isso ao máximo, em que os media pareciam competir entre si os depoimentos mais chocantes, declarando a bom som: o direito à informação. O direito à informação a qualquer hora e a qualquer preço, enquanto as crianças assistiam a isto tudo.

Neste caso, mais uma vez, desdobra-se em capítulos, como se de uma novela se tratasse. A dor é espremida como uma laranja, mascarada por um “ pseudo-jornalismo” sério e imparcial. As crianças na idade de brincarem terão tempo de sobra para perceberem o que o mundo não é bem como as histórias dos livros, mas até então, cabe aos pais alimentar-lhes a meninice, a fantasia saudável e protegê-los com a mão invisível.

Estes casos isolados não poderão ser vistos como constantes e comuns. Prender a sete chaves em casa, privar de brincar com outros miúdos, e olhar para qualquer um como um presumível raptor ou pedófilo torna-se insustentável e de uma violência terrível para os pais e principalmente para as crianças, como uma onda de terror constante…. em que os monstros saltam dos livros infantis e passam para o vizinho do lado.

Longe de querer pintar um cenário cor-de-rosa nisto tudo eu quero contudo acreditar que na pacatez de um país como o nosso tudo será restabelecido… e o alarmismo galopante baixará os braços. … o eterno retorno...a paz perpétua para as crianças sobre a mão atenta e invisível dos pais.

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Toni

“ Olá! Eu sou o Toni, educado, formado em sexologia. Acredito que o amor começa, apoia-se e fortalece-se numa amizade leal! Gostavas de partilhar comigo as tuas dificuldades sexuais e mágoas afectivas? Abraço!”

Ele, podia-se intitular de Doctor Love, Doctor Phill, capitão Robi ou quem sabe… Zezé! Mas não…. É o Toni! O Toni, é um dos artistas que escreve para o correio sentimental das revistas que nos impingem nos cabeleireiros de bairro e nos dentistas. O Consultório e o Correio sentimental são de longe a minha secção preferida desse tipo de revistas….

Percebi como o correio sentimental subiu o nível, como os novos escritores da revista estão cada vez mais…. Cultos!! O Toni é um desses exemplos…é um “ formado em sexologia”! Pelo menos é o que diz no correio sentimental e quase que me convencia não fosse o nome de “chuleco” que o denuncia. Ainda assim, mesmo sendo o nome mais parecido com “ TOINO” que conheço, tentei livrar-me dos preconceitos do nome ou da abreviatura do nome e continuar a ler o anúncio “ sério” com uma certa imparcialidade.

Segunda pérola… depois de anos e anos de estudo e de experiência na área sai-lhe uma frase profunda: “ acredito que o amor começa, apoia-se e fortalece-se numa amizade leal”… que é mais ou menos uma constatação ao nível da Lili Caneças:” Estar vivo é o contrário de estar morto.” É uma daquelas frases banalíssimas … a tresandar a engate de numa noite quente de verão Algarvio.

Mas apesar de tudo, eu tenho que reconhecer inteligência no anúncio do Toni, isto porque trabalha em 3 frentes: “ Sexo” ( “ formado em sexologia”), Amor ( “acredito que o amor…”), “ Amizade” (“ fortalece-se numa amizade leal”) . Não diz se o anúncio é dirigido a homens ou a mulheres, embora se possa deduzir que o Toni tem o anúncio dedicado a machos ( no final diz “ Abraço”), mas também o Toni não parece ser esquisito! Se o chamarem panasca sempre pode dizer que é um abraço fraterno! Se o chamarem de tangas e que não é nada sexólogo… pode sempre dizer que se licenciou na “ universidade da vida”!

Trocando por miúdos o anúncio poderia ser assim : “Olá ! Eu, sou o Toni e tanto declamo poesia trovadoresca como te besunto de creme. Liga-me! M ou F!” Talvez o anúncio pegasse, ou talvez ferisse a sensibilidade da dona de casa que lê a Maria, por natureza tradicional . Esta é dos tempo dos namoros por carta, namoros à janela,gravidezes por telepatia e casamentos por procuração.
Hoje a mulher em geral está diferente, a segunda geração da Maria também e o Toni sabe-o. Querem mais do que um paisinho de familia benfiquista, a cheirar a old spice e com brilhantina no cabelo... longe de quererem a segurança de outrora querem por oposição a aventura.

O Toni …assim formado em sexologia... reúne em si o sex appeal, com a inteligência e com estatuto social. ( Elas fingem que acreditam e ele finge que não sabe que elas sabem) Ainda demonstra um lado humano e sensível em preocupar-se com o “ outro” que tem dificuldades e mágoas….(Elas fingem que acreditam e ele finge que não sabe que elas sabem). Mostra-se disponível para qualquer coisa…sem ser demasiado explícito… mas sendo-o ao mesmo tempo. Será que teve saída com o anúncio? Não tenho dúvidas !!

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Tudo se vende? Tudo se compra?

Numa sociedade cada vez mais globalizada, onde a pirâmide de Maslow e as necessidades básicas para muitos já são dados adquiridos, há que procurar meios substitutos para alimentar um novo mercado… o das excentricidades.

Uma excentricidade é muito mais do que um carro dourado às bolinhas pretas, ou qualquer coisa kish que se compra ou vende apenas para a piada de quem quer gastar ou arrecadar umas belas massas.

No e-bay têm surgido nos últimos tempos, leilões no mínimo excêntricos….. O e-bay é um site que tem como objectivo, tudo se poder vender ou comprar. Podemos comprar uma bicicleta, relógio, roupa, selos, canetas, isqueiros.... até comprar imagine-se “ uma casa assombrada”, cabelo da Britney”, mas o mais insólito era uns que “ vendiam um fantasma num frasco”, “ vendiam a mulher”, “ vendiam-se durante um fim-de-semana”, “ vendiam a sogra”, “ vendiam a alma” e melhor de tudo, “ vendiam nada”.

Focalizei-me na venda da “alma” e no “ nada”. Como é que se vende a alma? Como é que se mede a alma? Quem é que quererá comprar a alma de outra? Quem poderá acreditar nisso? Será que quem vende pensa compactar a alma numa disquete ou numa Pen Drive?

Por fim… o "vender nada". levou-me a uma reflexão profunda: até um zero à esquerda tem um preço! E a prova matemática que 0= 0, não passa de uma teoria facilmente refutável. Afinal um “ nada” poderá ter um valor maior do que 0, isto porque uma pessoa que tem 0 para vender, pode lucrar milhares de vezes o nada que tem. E pelos vistos conseguiu lucrar 1750 vezes! Com um bocado de sorte ainda consegui impingir despesas de envio, “correspondentes a toneladas de nada vindas de avião”.

Se há meio mundo a enganar outro meio, há aqui uma parte cinzenta que deve gostar de ser “ intrujada” ao comprar certas coisas, e outra parte de “criativos” ou de “ tesos” que descobrem coisas mirabolantes para vender.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

O Xerife Sarcozy


Filho e neto de imigrantes que fugiram do comunismo húngaro, o petit Nicolas um dia ouviu do seu do pai: "Com o nosso nome tu nunca irás longe em França." Enganou-se o seu pai redondamente...hoje Nicolas Sarcozy é o novo presidente de França.

Quando se fala no enfraquecimento da democracia, da aparente apatia política França veio demonstrar que a democracia está a funcionar e não está doente. A participação foi massiva com 85% de votos.

Algo tinha mudado… uma movimentação no país em torno de umas eleições, uma participação activa dos jovens e uma participação transversal da sociedade francesa. Os motivos são mais do que muitos para justificarem tanta participação. Por sua vez os dois candidatos da segunda volta têm ideias tão opostas(Sácorzy e Ségolene) que é impossível ficar-se pela rama do é “ indiferente”. Ali era impossível uma “ troca-tintísse” de última hora, quando o que estava em jogo era como que duas visões para o mesmo copo de água: meio cheio, ou meio vazio? A luta da esquerda e da direita não é mais do que uma interpretação do que é o bem comum e os meios para o atingir.

A nova estrela da cena política francesa é um xerife. Em 1975, quando Jacques Chirac comandava o destino da França como primeiro ministro, durante uma convenção do seu partido, Nicolas com apenas 20 anos, desafiou a sua ordem de falar apenas 5 minutos e falou 20 e arrebatou por completo a plateia. O primeiro chuto de rebeldia, que lhe caracteriza o seu carácter.

Sarcozy ocupou o lugar de ministro do interior e bateu-se a tolerância zero em relação ao crime. Baixou a insegurança e a delinquência juvenil através de um controlo apertado.
A sua popularidade de xerife aumentou exponencialmente e a sua fama de justiceiro contra o crime quando capturou um indepedentista da Córsega que assassinou o chefe da polícia.

É conhecido por ter uma mão pesada, quer um França que acorde cedo e que se vire para o trabalho e os franceses deram-lhe razão. Pelo menos em votos, no campo ainda do abstrato.

Não está inclinado a aliviar as barreiras alfandegárias. No cerne das suas propostas está a abolição da jornada de trabalho de 35 horas semanais, uma extravagância francesa. É pela sua frontalidade em ao abordar temas sensíveis e controversos, como o controle da imigração, a falta de apego ao trabalho e os limites dos direitos individuais, que o candidato causa um misto de medo, respeito.

Como sempre há um discurso para conquistar o poder, o discurso quando se está no poder e o discurso da justificação. O Xerife Sarcozy tem uma estrela bordado ao peito cosida com uma vitória eleitoral indiscutível. Resta saber como será o seu discurso daqui para a frente tendo uma herança histórica honrosa e ao mesmo tempo pesada de " Liberté, Fraternité, Égalité". Resta saber se não levará a sua estrela de xerife demasiado ao peito e se não se tornará num " xerife de Nothingham" à moda francesa.

terça-feira, 8 de maio de 2007

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A Banalaranja do Tio Alberto

O poeta é um fingidor, disse um dia Pessoa. O nosso Tio Alberto é também um fingidor nato, com um “savoir fair” acumulado e uma noção de política da velha guarda. Faz parte da “ old school” com um discurso inflamado, encenado e prova bem que a moda clean da política ali, na sua “ ilha” não pega.

A sua política é feita no local, no meio da praça, à porta da Igreja, das escolas, dos estádios de futebol, é feita com inaugurações diárias de ruas, estátuas, estradas, e o que mais se lembrar, é feita com festas para o povo, com comidinha e regada de vinho e com Marco Paulo. Sabe bem que mandar uma flechadas para o “ continente” e polir o seu povo resulta, sabe bem que falar da Madeira é falar de si, e falar se si... é falar da Madeira. Ele sabe bem o que é a Política e sabe fazê-la à “ sua maneira”, para “ a sua gente”.

Sabe bem que de falinhas mansas e caldinhos de galinha é coisa de meninos. Ele é uma “ versão de Carmem Miranda” à Madeirense, uma espécie de “ Aladin” que sabe bem polir a sua lâmpada mágica e extrair daí os seus desejos e usá-los e multiplicá-los à sua mercê. O Tio é uma espécie de qualquer coisa enquanto o Carnaval da Madeira existir e a sua imaginação também.

O Tio não se mascara apenas durante a época festiva, mas consegue reencarnar durante um ano inteiro no papel de vilão, de herói, de vítima , humano e por fim de político conforme o público que assiste a peça que representa. Nestes últimos tempos declarou guerra cerrada à outra trupe, do campo vizinho os “ camisetas rosas” .

O Derby entre a vizinhança era um encontro esperado, fruto do orgulho ferido entre os “ banalaranjas” e os “ camisetas rosas” , por causa do corte do Orçamento na ilha das bananas. O Tio Alberto revoltou-se e novamente “reencarnou” mais um dos seus papeis e desta vez em ponta de lança ... atirou bem certeiro não uma bola, mas uma “ banalaranja” azeda, prometida e esperada bem directinha para o fundo da baliza dos “ camisetas”. A banalaranja é um fruto raro Madeirense que é ao mesmo tempo laranja ou banana. Sendo que a laranja simboliza o partidarismo (PSD), e a banana o regionalismo madeirense. Quando está em causa o futuro madeirense une-se o partidarismo ao regionalismo e surge ...a banalaranja do Tio.

O Tio Alberto ganhou o jogo inevoquivocamente e agora reencarnando desta vez em Político falou em “ Democracia” em “ vontade popular” em “ Portugal” na altura do discurso da vitória. Mostrou-se um Político, com os conceitos do “Bê- à-bá” bem estudados, com um discurso matreiro e certeiro, aproximando-se de um discurso político clean ( claro que um clean à Jardim)e direccionado ao seu alvo...os “ camisetas Rosas” e ao respectivo capitão de equipa. A banana pequena da ilha talvez seja uma fraude... talvez estejam a ser plantadas em série "banalaranjeiras" cujo fruto é vendido interesseiramente e à vontade do Tio Alberto.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pensativo Cigarro

Hoje está a ser discutida a nova lei anti-tabaco.Acho hipócrita o modo como foi levado esta a medida a tender grandemente para o fundamentalismo. Todos sabemos que o tabaco faz pessimamente a saúde, e que há inúmeras doenças gravíssimas que estão directamente relacionadas com o consumo do tabaco. Não há argumentos possíveis contra isto.

Agora honestamente estranho quando há meses atrás foi feito um referendo para que se despenalizasse o aborto no nosso país e que as mulheres deixassem de ser marginalizadas, agora a mesma sociedade que votou contra o que se diz ser “ uma grande hipocrisia” agora faz o mesmo com os fumadores, tratando-os como criminosos e “ puníveis”.

Acho desonesto que se faça num Estado que parece estar mais importado com punir do que ir a raíz do problema, que prefere apontar o dedo e mandar reguadas com multas pesadíssimas em vez de apontar um caminho sensato em busca de uma solução.

Tenho dificuldade então em perceber onde é que está o limite da legitimidade e do “ socialmente condenável”. Será que a mesma sociedade que rejeitou fechar os olhos a uma hipocrisia agora venha fazer o mesmo com este problema?
Qual é a medida “ legítima” que se utiliza para que as mulheres que fazem um aborto não sejam condenadas... e que se condene e se trate os fumadores como indignos e como censuráveis?

Aceito que não se deva fumar em toda a parte, o Estado deverá salvaguardar a saúde pública e por isso o meu ponto de discórdia está nas “não soluções” e na tónica fundamentalista da “punição” por si só. Quem fuma terá de ir escorraçado para a rua fumar? A minha liberdade termina quando interfiro na liberdade do outro. Só está aqui salvaguardado um lado, como se a cisão do "bem" e do "mal" estivesse apenas do lado dos que apregoam a " moralidade ". Como nunca se viu antes, a classe dos moralistas instantaneos cresceu e actua como se apenas tivesse direito a ter voz,e que tenha o direito de aplicar um castigo severo a todos os meninos " feios" e já agora umas idas para o quarto escuro.

Deverá haver, no meu entender, medidas de prevenção sustentadas, mas isso não invalida que haja espaços condignos para fumadores com uma ventilação apropriada e que os impostos altíssimos que se pagam por cada maço de tabaco, não sirvam para amealhar nos bancos do Estado à conta de um problema, mas tenham um retorno. Isto sabendo-se que a venda de tabaco em Portugal rendeu ao estado mais de 1400 milhões de Euros em 2006, só em Imposto sobre o tabaco e que o preço aumentou 9% ( este ano) no preço total de venda ao público.

É inadmissível que o mesmo Estado que cobra pesademente sobre o vício, que utiliza argumentos de “saúde pública”, apenas o utilize na altura de cobrar, e de censurar. É inadmissível que não se use parte desse imposto para que sejam comparticipados medicamentos para curar do vício e da dependência da Nicotina, nem sejam facultadas e consultas para quem pretenda deixar o vício. Saúde pública não deverá ser então isso?

Talvez as reguadas sociais tenha os seus efeitos, os olhares repressores também bem como as multas. Contudo, o problema mantem-se na mesma, mesmo em frente dos olhos dos " moralistas". No sossego do lar o problema persiste.
Parece-me a mim, que de medida altrúista do Estado, se tem realmente esse propósito, não dei por nada... deve-se ter dissipado em fumo...

terça-feira, 1 de maio de 2007

O 1º de Maio

O dia do trabalhador em termos práticos significa mais um feriado no nosso calendário Português, com uma grande diferença... é que nesse dia mais do que o normal num feriado, todas as lojas fecham quase sem execepção! Além disso, nesse dia, os sindicatos saem à rua e resume-se a festas de porco no espeto, febras assadas na braza e cantores pimba. Resume-se a discursos dos agentes sindicais inflamados pelo vinho que abunda e que se revela cada vez mais repetitivo e mecanizado. Blá blá blá... globalização... blá blá blá.. capitalismo....blá blá blá Governo... blá blá blá...intervenção...blá blá blá... aumentos.
Poucos os ouvem, mas isso pouco interessa porque quando há comida, bebida é uma festarola que o povo não perde.

Saí de casa para fazer umas compras básicas de supermercado... ao longe ouvia cantoria Pimba e uns discurso ao estilo dos banha da cobra nas feiras, não conseguia perceber o que diziam, mas berravam bem... havia festarola do 1º de Maio na Alameda da Universidade. Sai de casa e fui até ao Pingo Doce e... estava fechado! Estranhei quando até na véspera de Natal esteve aberto até as tantas e quando no dia de Natal também! “Ah ok... é o dia do trabalhador!” pensei!

A verdade é que os sindicatos caem em cima das empresas quando um estabelecimento nesse dia está aberto, e os supermercados orgulham-se de fechar nesse dia, porque é uma “ cereja” que dão aos funcionários sem excepção...como se fosse um rasgo de modernidade e de sensibilidade empresarial ao “ direito dos trabalhadores”.

Eu acho interessante os eufemismos que se utilizam, para justificar certos meios. É mais ou menos como varrer uma casa e deixar o lixo debaixo do tapete. O dia de feriado que dão é “ para Inglês ver”, neste caso, para os sindicatos aplaudirem a iniciativa.

O Dia 1 de Maio tem tanto valor como terá o dia do Pai ou da Mãe, com a grande diferença que nesse dia é feriado. Ou seja, não vale de nada se nos outros dias do ano somos maus filhos ou maus pais e neste caso se somos maus trabalhadores ou maus sindicalistas.

Num país onde há tantos desempregados os sindicatos estão desenquadrados face a esta realidade... pois no limite são os maiores bloqueadores de emprego e de sangue novo. Vergam-se a politiquices e vendem-se a guerras de cores políticas,propoem medidas insustentadas e irrealistas.Ignorando a competitividade externa cada vez mais forte. Ou seja não defendem os trabalhadores no que realmente interessa ... nem os que pretedem sê-los.

Mas neste dia, entre uma febra e outra regada com um tintol á altura, com pimbalhada, bandeiras, bonés e o restante "merchadising" à ocasião...os sindicalistas veem este dia como vitória ( sabe-se lá de quê)... enquanto recebem pancadinhas nas costas sabe-se lá de quem. "A luta continua" dizem eles.