Quando vi a polémica do Saramago em torno sobe o seu novo livro Caim só me ocorreu uma coisa ...Gostava de ver o Saramago escrever sobre o Alcorão.
Tenho um pequenino feeling que o senhor nunca escreveria um livro sobre o Islão com expressões do estilo que escreveu em Caim.Jamais ousaria escrever no seu livro expressões como profeta mentiroso, profeta filho da p**** e por aí em diante.Mais ainda, ousaria escrever que o Alcorão era "manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".
Mas é assim, Saramago sabe bem que as suas declarações são a fundo perdido e com resultados directos inconsequentes. Saramago sabe bem que meia dúzia de provocações rascas fará todas as luzes dos holofotes apontadas para si e publicidade gratuita dá sempre jeito.
E claro, o estatuto de Nobel da literatura faz com que tudo o que toque fique transformado em ouro. Porém se no Envangelho Segundo Jesus Cristo resultou, porque não deveria resultar agora? Polémica é o que se quer e a saloice portuguesa agradece!
A mim, mais não me parece do que um recalcamento de alguém zangado e revoltado com a Igreja e que jamais perceberá ou atingirá o conceito de Fé. Obviamente José Saramago escreve o livro com uma ideia pré-concebida de um Deus mau e injusto em que mais não faz do que um aglomerado de "teses" que vão de encontro à sua ideia. Vi uma entrevista em que Saramago considerava-se um radical! Pois bem, talvez para um senhor de 80 anos a ideia de radical seja um pouco diferente da minha, mas o que há de radical no que fez? O que ele fez não é mais do que outros escritores como Dan Brown têm feito para vender livros como pães quentes.
Tenho também um pequeno feeling que se falasse do Alcorão, esta guerra de palavras nem chegaria a ser feita na comunicação social, com frases cada vez mais bombásticas e irascíveis. E sim, deveria ser certamente uma experiência mais "radical".
Esperava-se de um Nobel um livro com um tema inovador, com ideias mais elevadas. O Caim é mais um livro que absorveu as características de um best seller Fnac, do que propriamente um livro com rasgo de genialidade literária.