Este post é escrito
directamente para mulheres, por isso, se és homem e me lês, hoje
especialmente aconselho a ler um post mais antigo ou a dar uma volta. Se
estivéssemos numa sala com amigos, esta seria a parte em que as mulheres vão
para um lado e os homens vão para outro, porque isto é conversa de
mulheres.
A questão de hoje é amamentar
ou não? A minha reposta é depende. Decidir amamentar deve ser antes de mais uma
escolha consciente da mãe, ninguém mais do que a mãe deve decidir o que é
melhor para si e para o bebé. Vir a família com exigências e dizer que “ TEM”
que amamentar não me parece boa ideia, principalmente quando as hormonas estão
aos pulos, o corpo debilitado e há a tendência para o choro fácil. Não me
parece que amamentar “ obrigada” e fazendo o maior sacrifício do mundo seja
benéfico para o bebé ou para a mãe.
Há as acérrimas
defensoras da amamentação e que acham que em todas e em qualquer circunstância
o bebé deve ser amamentado. A minha opinião não é tão radical, acho que depende
das situações e das mães. Antes de mais, amamentar significa
algumas restrições que se tem que estar obrigatoriamente preparada.
Significa maior dependência do bebé à mãe, disciplina em relação ao que se come
e bebe e depois a parte social o que fazer se o bebé tiver fome e estiver
na rua com ele? Estará preparada para isso? A favor da amamentação estão
muitos factores, está a parte dos afectos e da relação próxima com o filho
que se cria naquele momento, a protecção imunitária, a parte
monetária, o facto de não se ter que esterilizar o biberão e ter que aquecer
leite e também o presente que a mãe natureza nos dá pelos 9 meses em que
carregamos um filho. É o único período na vida que se pode comer tudinho e não
se engorda. Pumba, 600 kcalorias diárias que voam e é o peso a cair de semana a
semana.
Para mim amamentar foi uma
questão de escolha consciente e fi-lo exclusivamente até aos 6 meses. Desde o
início que o meu plano era esse, amamentar até aos 6 meses. Durante a minha
gravidez fiz um curso de preparação do parto durante várias semanas e nesse
tempo criámos um grupo coeso de “mums to be” e ficámos amigas. Nos
primeiros dias de amamentação pensei simplesmente que não ia aguentar, tal era a dor e o desconforto, mas continuei com persistência e uma dia após
outro a dor foi passando e foi-se tornado
mais natural. E aquele tornou-se o MEU momento de amor de mãe para filho. Ter
um grupo de amigas que estavam a passar pela mesma situação ajudava e sabia que
ia conseguir superar. As dúvidas eram trocadas entre nós e descobri o poder de
pomadas e de bolsinhas com gel lá dentro, echarpes e outras técnicas que elas
usavam. Se amamentar foi desmistificado, foi por causa do grupo de
amigas e tornou-se algo “ social”. Nem todas nós o fizemos durante este 6 meses
mas e daí? Há quem ainda esteja a amamentar e o queira fazer até o mais
tarde possível. Não se pode julgar alguém porque decidiu parar porque se sentia
cansada, porque a estava a afectar psicologicamente ou porque
simplesmente não dava jeito e não tinha feitio para isso. Qual é o problema? Acho
ridículo a mesma sociedade que ostraciza as mães que não amamentam por outro
lado não disponibiliza espaços para que se possa amamentar com recato em sítios
públicos. Ou seja, há campanhas a exacerbar os benefícios do leite materno, mas
e depois, o que é feito? Ter que ir para uma casa de banho para o fazer é
no mínimo humilhante, mas infelizmente é a única solução para muitas que se
recusam a amamentar em público por inibição ou porque há um tarado a olhar ou
porque simplesmente, assim como eu, consideram que o acto de
amamentar é um acto privado. Desta forma, como há casas de banho públicas, gostaria de
poder amamentar na intimidade sem ter que pôr as mamas à mostra, é pedir
muito? Uma echarpe resolve o problema e essa andava sempre comigo. A outra solução seria tirar com a bomba, se bem que o meu filho
nunca foi na conversa e era literalmente atirar leite fora, por isso essa nunca
foi realmente uma opção para mim.
Quando abandonei a amamentação
tinha sentimentos contraditórios, por um lado sentia a liberdade do meu corpo
me pertencer novamente, por outro lado, enquanto mãe sentia que o meu filho já
não dependia tanto de mim e isso entristecia-me. Mas sabia que isso acontecer
mais tarde ou mais cedo.
Quanto ao amamentar ou não,
essa é será sempre a questão e a reposta, essa deverá ser sempre vossa, inteiramente
vossa.
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