Um dos programas que mais me prendeu na televisão foi o Biggest Loser
que comecei a ver num por canal por cabo Americano. Não conhecia o formato mas
fiquei imediatamente fã do programa. Doze concorrentes obesos, dois treinadores
lixados, desafios semanais em que tinham que lutar pela imunidade, tentações
que eram postas no programa que davam certas regalias e por fim a pesagem que
era o culminar de todo o esforço. Semanalmente dava para ver a diferença física
e psicológica dos concorrentes.
Eu gostava do programa porque não tratavam os gordos como coitadinhos,
como os desgraçados da sociedade que enfardavam três quilos de piza diários e
donuts porque tinham tido problemas de auto-estima e tinham tido uma infância
difícil. Ali, assumia-se sem rodeios que a obesidade era uma adição, que eles
estavam ali para se livrar do vício e tinham era que mexer o rabo e andor para
o ginásio. O Bob e Jillian tratavam-nos de igual para igual e em nenhuma parte
do programa, e vi muitas edições, os concorrentes foram ridicularizados por
serem gordos. Eram concorrentes e estes estavam ali para perder peso e para
ficarem saudáveis. E como tal, tinham que fazer o que era pedido e sem
problemas de ferir susceptibilidades.
Eu estava com uma expectativa grande em relação ao Biggest Loser versão
Portuguesa mas vi imediatamente que o programa ia ser diferente, muito
diferente. No primeiro episódio vi logo que aquilo ia ser com a tónica do
coitadinho que é gordo e só me lembro do rabo da Susana à mostra quando caiu no
meio da lama em plena prova. Não gostei, não precisavam de o ter
mostrado. Mas aquilo dava audiência, a gorda de rabo de fora estendida do
meio da lama. E lembro-me de toda a gente falar nisso. “Ai coitada”. Era
difícil lembrar-me de uma situação mais humilhante.Mas isso mostrou logo como o programa ia ser, eles sempre a refilar
porque estavam cansados, eles os coitados que engordaram com o ar que
respiravam e que eram vítimas da sociedade. Estivessem lá o Bob e a Jillian e tinham
levado uns berros valentes para ver se não se punham finos. Por isso, a edição
Portuguesa (as duas) ficaram aquém da expectativa, se bem que a segunda foi um
pouco melhor.
E agora vem o “Toca a mexer” que é para pôr gordos a dançar. Este
programa vai ser para concorrer directamente com a Casa dos Segredos. Pois se a
Casa dos Segredos mete bimbas, pêgas, assaltantes, burras que nem uma porta, a
SIC vai ter que jogar alto – ou antes, baixo! O objectivo não do programa da
SIC não é que aquela gente perca peso. As televisões não são a Santa casa da
Misericórdia, têm em mente as audiências e o que a malta quer é palhaçada. Por
isso se explica que a Fany e a outra burra que não sabia localizar nenhum país
num mapa se tornassem vídeos virais. O efeito da perda de peso no programa é
meramente colateral, o objectivo, está-se mesmo a ver, por o país a rir ao ver
os gordos, tais qual Popota, a fazerem figurinhas ridículas.
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