sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Conversa de mulheres I

Este post é escrito directamente para mulheres, por isso, se és homem e me lês, hoje especialmente aconselho a ler um post mais antigo ou a dar uma volta. Se estivéssemos numa sala com amigos, esta seria a parte em que as mulheres vão para um lado e os  homens vão para outro, porque isto é conversa de mulheres.

A questão de hoje é amamentar ou não? A minha reposta é depende. Decidir amamentar deve ser antes de mais uma escolha consciente da mãe, ninguém mais do que a mãe deve decidir o que é melhor para si e para o bebé. Vir a família com exigências e dizer que “ TEM” que amamentar não me parece boa ideia, principalmente quando as hormonas estão aos pulos, o corpo debilitado e há a tendência para o choro fácil. Não me parece que amamentar “ obrigada” e fazendo o maior sacrifício do mundo seja benéfico para o bebé ou para a mãe. 

 Há as acérrimas defensoras da amamentação e que acham que em todas e em qualquer circunstância o bebé deve ser amamentado. A minha opinião não é tão radical, acho que depende das situações e das mães.  Antes de mais, amamentar significa algumas restrições que se tem que estar obrigatoriamente preparada.  Significa maior dependência do bebé à mãe, disciplina em relação ao que se come e bebe e depois a parte social o que fazer se o bebé tiver fome e estiver na rua com ele? Estará preparada para isso? A favor da amamentação estão muitos factores, está a  parte dos afectos e da relação próxima com o filho que se cria naquele momento, a protecção imunitária, a parte monetária, o facto de não se ter que esterilizar o biberão e ter que aquecer leite e também o presente que a mãe natureza nos dá pelos 9 meses em que carregamos um filho. É o único período na vida que se pode comer tudinho e não se engorda. Pumba, 600 kcalorias diárias que voam e é o peso a cair de semana a semana.  

Para mim amamentar foi uma questão de escolha consciente e fi-lo exclusivamente até aos 6 meses. Desde o início que o meu plano era esse, amamentar até aos 6 meses. Durante a minha gravidez fiz um curso de preparação do parto durante várias semanas e nesse tempo criámos um  grupo coeso de “mums to be” e ficámos amigas. Nos primeiros dias de amamentação pensei simplesmente que não ia aguentar, tal era a dor e o desconforto,  mas continuei com persistência e uma dia após outro a dor foi passando e foi-se tornado mais natural. E aquele tornou-se o MEU momento de amor de mãe para filho. Ter um grupo de amigas que estavam a passar pela mesma situação ajudava e sabia que ia conseguir superar. As dúvidas eram trocadas entre nós e descobri o poder de pomadas e de bolsinhas com gel lá dentro, echarpes e outras técnicas que elas usavam. Se amamentar foi desmistificado,  foi por causa do grupo de amigas e tornou-se algo “ social”. Nem todas nós o fizemos durante este 6 meses mas e daí? Há quem ainda esteja a amamentar e o queira fazer até o mais tarde possível. Não se pode julgar alguém porque decidiu parar porque se sentia cansada, porque a estava a afectar psicologicamente ou porque simplesmente não dava jeito e não tinha feitio para isso. Qual é o problema? Acho ridículo a mesma sociedade que ostraciza as mães que não amamentam por outro lado não disponibiliza espaços para que se possa amamentar com recato em sítios públicos. Ou seja, há campanhas a exacerbar os benefícios do leite materno, mas e depois, o que é feito? Ter que ir para uma casa de banho para o fazer é no mínimo humilhante, mas infelizmente é a única solução para muitas que se recusam a amamentar em público por inibição ou porque há um tarado a olhar ou porque simplesmente, assim como eu, consideram  que  o acto de amamentar é um acto privado. Desta forma, como há casas de banho públicas, gostaria de poder amamentar na intimidade  sem ter que pôr as mamas à mostra, é pedir muito? Uma echarpe resolve o problema e essa andava sempre comigo. A outra solução seria tirar com a bomba, se bem que o meu filho nunca foi na conversa e era literalmente atirar leite fora, por isso essa nunca foi realmente uma opção para mim. 

Quando abandonei a amamentação tinha sentimentos contraditórios, por um lado sentia a liberdade do meu corpo me pertencer novamente, por outro lado, enquanto mãe sentia que o meu filho já não dependia tanto de mim e isso entristecia-me. Mas sabia que isso acontecer mais tarde ou mais cedo.
Quanto ao amamentar ou não, essa é será sempre a questão e a reposta, essa deverá ser sempre vossa, inteiramente vossa.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Os Ingleses e os postais

Se há negócio que está sempre em altas em Inglaterra é o negócio dos postais. Isso era algo que não fazia a mínima ideia até ter vindo viver para cá e me ter apercebido que brota como as lojas dos chineses em Portugal.

Não há vão de escada que não venda postais e estes, muito mais do que um rectângulo de cartão em si, com umas imagens e com uma mensagem mais ou menos pirosa ou padronizada, vêm colmatar um erro de fabrico tipicamente inglês que é o problema que têm em lidar com as emoções e demonstrar os sentimentos. Este negócio movimenta milhões porque não é sazonal, não se resume aos aniversários, Natal ou fim de ano, mas o motivo do sucesso é que evita o contacto directo com as pessoas. Os postais já com mensagem escritas então são o delírio, paga-se uns cêntimos( a partir de 30 cêntimos já se compram postais giros!) e em troca há uma mensagem já escrita em que pode-se só assinar e está prontinho a ser enviado. Simples, não? Um simples postal tem a dupla função de evitar o constrangimento de demonstrar fisicamente afecto e por outro lado, mostra consideração pela pessoa para a qual se manda um postal, nem que seja, porque alguém se deu ao trabalho de o comprar, escrever umas palavras e o enviar.

Todos os anos por volta do Natal a minha caixa de correio é invadida por postais a desejar um feliz Natal pela vizinhança. Isto tudo pareceria fofinho e extremamente civilizado, mas falta-me mencionar que os postais são postos no correio quando estamos em casa, com as luzes acesas e com o carro à porta. O toca e foge é um jogo que os adultos por aqui se divertem muito por altura do Natal. Posso jurar a pés juntos que após um postal cair na caixa de correio, três segundos depois não se vê ninguém à porta.Em vez de desejarem um bom Natal quando nos cruzamos na rua, ou pronto, na loucura, virem aqui desejar um bom Natal pessoalmente, mandam postais.

A minha vizinha do lado, que vive aqui a 2 metros ( entenda-se!) convidou-nos para o aniversário dos 40 anos por postal, nós não pudemos ir e enviámos um agradecimento por postal também, ora não fosse a senhora achar que éramos uns mal educados caso aparecessemos na porta de casa a agradecer o convite e a decliná-lo. E se tudo isto me parecia estranho e bizarro ao longo do tempo foi-se entranhando e inglesei-me... E bem, se a medição da nossa popularidade aqui no bairro se medir pelos postais recebidos, não estamos mal.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um dia vais voltar ao que deixaste para trás... hoje é o dia!

Demorou mas foi! Durante anos estive com o blog em stand by, não por nenhum motivo em especial, mas porque simplesmente o vício de escrever pode ser viciante, mas quando não se escreve adquire-se hábitos de ociosiosidade . Não tinha a noção de que esta paragem viesse a ser tão longa, mas sempre tive a certeza de que um dia, recomeçaria daqui. Dizem que bom filho à casa torna, e este blog sempre foi o meu único blog e em que verdadeiramente tenho afinidade e que começou há 6 anos atrás. Não tinha sentido começar outro blog, quando este faz parte da minha vida. Por aqui, passaram desamores e amor, cromos de todos os tipos, anónimos simpáticos, anónimos estúpidos que nem uma porta, muitas histórias caricatas, algumas chatices, mudanças de casa, emprego, viagens por aqui e por ali, o meu casamento até mesmo uma mudança de país. A vida seis anos depois do início do blog está muito diferente mas para melhor, à beira dos 30 anos, casada e com um filho para lá de fofo de 8 meses e a vivermos em Inglaterra. No início, aviso já, vai ser a” fase da vergonha” em que me vou ter que habituar novamente à escrita e ganhar hábitos diários como tinha antigamente, vamos ver como corre daqui para a frente. Mas uma coisa é certa MariarabodeSaia is back!