Cólon: tudo está bem quando corre bem

Cólon é provavelmente a cidade mais feia onde estive na vida. Imaginem o que é uma cidade com casas completamente degradadas e feias, que mais parecia o Martim Moniz em ponto grande e para muito pior!

Cólon é assim…. Não foi novidade para mim o que iria encontrar ( tinha visto imagens no Youtube) aliás nos guias turísticos descreviam a cidade como “ muito perigosa” . O que é certo é que sobrevivemos sem sequer me terem gamado uma pastilha elástica.Pura sorte? Ou será que os guias turísticos exageram sempre qualquer coisinha?

O interesse da cidade é o caminho até lá que é histórico e imperdível ( afinal liga o oceano pacífico ao oceano atlântico em apenas 70 kilómetros..bonito mesmo!!). O outro motivo é que Cólon é conhecido por ter uma zona totalmente livre de impostos… o que é bom.

Confesso que na véspera depois de ter lido que era “ super perigoso”, pus a causa a minha ida para lá… pensei… “quero lá saber disso, ainda levo uma facada”! Mas a coragem da idade… ou estupidez completa… ou o facto de haver promessas de iphones baratos… e a crença de que os guias de viagem exageravam sempre nas suas descrições fez-nos arriscar e não nos demos mal.

Na via das dúvidas, fui o mais simples que consegui, retirei o meu relógio, deixei o ipod no hotel, brincos e trá-lá-lá… e fui com meia dúzia de notas no bolso…nas calças de ganga, chinelos e uma t-shirt. O objectivo era não aparecer em pleno Colón, com ar de “ assaltem-me” descarado! Claro que o facto de sermos clarinhos…não é muito abonatório a nosso favor! Apesar de tesos… ao longe devemos cheirar a dinheiro!

No comboio encontramos pessoas que iam só para ver as paisagens e fazer o passeio histórico. O motorista ia lá busca-los a Cólon mal chegassem… “ porque era muito perigoso”. Nós tínhamos planeado ir e vir de comboio…e já não havia nada a fazer…. Só havia dois comboios por dia…e o de regresso era só as 5 da tarde… tínhamos que nos aguentar à bronca mesmo que aquilo fosse Beirute! O meu coração estava prestes a rebentar…mas mantinha uma frágil confiança de que aquilo não podia ser assim tão mau.

E não era assim tão mau… era feio, mas não era tão inseguro quanto pensava. De táxi, fomos directos à zona Livre. A zona livre é como uma cidade dentro de Cólon, é vedado por muros e lá dentro é que estão os ( armazéns/ lojas) onde em alguns sítios ( na sua maioria) é possível comprar para uso próprio. Para entrar é preciso mostrar o passaporte… para sair, é preciso não ir descaradamente cheio de sacos, como se fosse para Portugal em seguida para abrir uma loja!

Fiz lá boas compras, mas em geral… as lojas eram francamente más. As boas que haviam, encontravam-se coisas do diabo como casacos da Rochas por tuta e meia… e toneladas de roupa da Gant a preços da chuva! Ah… e All start ( nem vos digo o preço p não chorarem).

Iphones a 100 euros… nem vê-los! Era capaz de haver versões falsificadas, mas não vi nada disso! ( devia ser nas caves ou assim… me-do!!)

Ao final do dia, cheirava a cigana. Não sei descrever, mas é assim uma mistura de pó… com tudo o que a humanidade tem de mau. Os meus pés estavam pretos do chão porco e do facto de ter ido para lá chinelar.

Para sair de da zona livre até 100 metros a seguir ( que ficava fora da zona livre) fomos de táxi… porque aquilo era perigosos.. mais uma vez os taxistas tentam a sua sorte tentando impingir-nos uma distancia ridícula a 10 dólares… acabámos por sair por 4( o que é abusivo… mas garanto que valeu o dinheiro)nem que seja pela segurança.

Ao final do dia, lá voltamos para o comboio, depois de almoçados num restaurante num promissor shopping da zona ( segundo eles muito bom!) que não tinha mais do que 5 lojas …abertas!

A viagem de regresso foi mais calminha e deu para apreciar mais a ida até à cidade do Panamá. Com um saco gigante de compras por tuta e meia, sem termos sido assaltados e tal… fiquei mais contentinha… afinal tudo está bem, quando corre bem. O melhor de Cólon é mesmo a tabuleta que diz... Panamá city, 70 Kilómetros.