quinta-feira, 12 de abril de 2007

Os sindicalistas

Do fundo do coração adoro os “ sindicalistas”. Falo não os sindicalistas
“ institucionalizados”, de papel passado, mas aqueles que sem o saberem o são de facto.
Não fecham fábricas, não fazem manifestações a frente das câmaras da SIC, não fazem greves, não pertencem a qualquer partido político, mas na sua essência são reivindicativos. E são reivindicativos por dois motivos: por tudo e por nada! Está sempre tudo mal, tudo terrível ou caótico.

Eu admiro estas pessoas porque são puros nas convicções. Realmente acham que está tudo muito mal, normalmente têm uma solução simplista na ponta de língua para os problemas do mundo, e apontam sempre o dedo ao “ Governo” porque chove, porque não chove, e por todos os motivos e mais alguns.
O governo independentemente da cor política é um “ gajo mau “. Se quando éramos crianças e não comíamos a sopa, tínhamos sempre um bichinho papão à perna, eles têm o bicho mau “ governo” bem visível quando apagam a luz do quarto e se preparam para dormir.

São do estilo de refilar no restaurante porque a comida nunca mais chega, depois refilam porque está fria, depois de aquecida porque está quente de mais, nos transportes públicos porque alguém passou sorrateiramente à sua frente ou porque o autocarro está atrasado, na discoteca com o porteiro porque implicou com os ténis. E se não for nada consigo, estão sempre dispostos a repor a “ justiça” a favor do mais fraco. São os zorros dos oprimidos e dos não oprimidos ( que só não são, porque não percebem, dizem).

Ás vezes chego a pensar se não confundirão “ ter personalidade” com “ ter mau feitio”, como não consigo chegar a uma conclusão… baptizei carinhosamente de “ sindicalistas”.

O sindicalista revolta-se sempre, está constantemente em tensão, o que me faz pensar que poderia ser o melhor amigo de Fukuyama ( O Fim da Civilização Ocidental) ou então de Nostradamus ( As Profecias). Assim, os sonhadores para si, não passam de ingénuos, os lutadores de nada servem porque a sua luta é sempre inglória. Nada faz sentido… porque segundo eles “a vida é um caminho para a cova” ( frase linda) . A verdade é que eles se atiram lá para dentro, assim que podem.

E adoro-os por isso mesmo porque conseguem apontar mil e uma pintas numa folha branca, quando eu apenas vejo uma. Passou-lhes um talento ao lado...

8 comentários:

Anónimo disse...

Costumo ler o que costuma escrever e nunca comentei nada.É a primeira vez que o faço, porque a menina aborda os assuntos muito bem e tem um geitao para a escrita.Porque nao escreve para jornais ou revistas ...PARABENS E CONTINUE SEBASTIAO

Anónimo disse...

eu acho que tu fizeste o retrato do taxista! ;)

Anónimo disse...

parabens filhota

Bottled (em português, Botelho) disse...

Querem lá ver que eu sou, em vez de beberolas, sindicalista????!!!!!!

Hic Hic Hurra

Ticha disse...

Mary já descobriste qual o nosso sindicato?!! lool A melhor que eu ouvi foi há 2 anos atrás, em ano de seca...a culpa é do Protocolo de Kyoto...

Rabodesaia disse...

Essa do Protocolo que kyoto está muito bom!!! ;) o nosso sindicato? hum... tenho que pensar! ;)

João J. disse...

Está no sangue do ser humano encontrar sempre algo a apontar.. até porque nada é perfeito.. e se tudo fosse perfeito.. a vida deixava de ter piada!

ENGº. Viriato disse...

Muito bem visto, muito bem visto. Mas a verdade é que um Mundo sem "sindicalistas" era assustador, não? Quero dizer: o Governo fazia o que queria porque todos baixavam as orelhas, a função pública tornava-se o reino do terror do utente (ainda mais) e nos restaurantes só se fazia sopa uma vez por mês: depois servia-se fria nos trinta dias seguintes. Bem aventurados sejam os que refilam, says I. Bom fim-de-semana.