segunda-feira, 17 de setembro de 2007

De bestial a besta vai um pulinho

Que temos uma tendência(sinha) para a depressão… ai temos!!! Que nos está no sangue “ fado” também tem ponta de razão… mas que no fundo todos brilhamos os olhos quando há alguma desgraça, isso é uma verdade inequívoca!

Vejamos… nada faz parar mais o trânsito do que um acidente na estrada, não só pelo acidente em si, mas pela quantidade de totós que pára só para ver um mega acidente… Nada vende mais do que uma desgraça, e todos o sabemos isso. Está-nos no sangue de fadistas a depressão e o sofrimento, mas no fundo todos temos um Fernando Rocha dentro de nós, camuflado em Dulce Pontes.

É uma capacidade nossa e inata de mandar piadas com a maior das desgraças... e de sensibilizarmos com as histórias de chorar as pedras da calçada! Esquizofrenicos? Não... Portugueses!

Somos capazes dos maiores feitos, chorar por Timor, colocar bandeiras à janela no euro 2004 , colocar fitinhas amarelas por causa da Maddie, mas quando se toca a virar o bico ao prego estamos lá também na primeira fila, e a gritar “ porrada!” , " vai para a rua Brasileiro", "assassina" e coisas do género...

Nos últimos meses ( e agora nas ultimas semanas nem se fala) quem liga a televisão pensa automaticamente na miúda Maddie. Eu penso e estou sempre á espera de uma história mirabolante que ultrapasse a minha imaginação.

Uma explicação… um motivo, uma tese que me faça ter conversa de elevador ou de almoço pelo menos um mês inteiro. Quer dizer, algo está a mudar…. Se antes a conversa de elevador era o tempo: “ este tempo está tão estranho… já não há estações do ano… e blá blá blá” agora é sobre a miúda: “então já se sabe alguma coisa da Maddie? E é verdade , viu aquela notícia da mãe, que matou os filhos com uma faca eléctrica? O mundo está perdido”.

Pois está… mas há qualquer gostinho nestas histórias que nos apimentam e nos fazem brilhar os olhos. As teorias multiplicam-se pelos cafés, pelos transportes públicos, por todo o lado onde há gente…. os “ inspectores de bancada” também.

A mãe de mulher coragem, passou a monstro!E o que kate não sabe é que mesmo que seja inocente recairá para ela, para sempre olhares reprovadores e uma ponta de dúvida. O que ela ficou a saber é que aqueles que a apoiavam são os mesmos que a insultarão sem dó no meio da rua! É certo de que uma história dramática vende mais do que uma história feliz, é a antítese do que acontece nos filmes…no fundo porque todos nos queremos sentir aliviados com a nossa vida santa, e o nosso cantinho, que apesar de tudo foge a essa maluqueira.

A miudinha perdeu o destaque em revistas e quem ocupou foi a mãe, e o pai que agora viraram suspeitos... a opinião publica já os dá como culpados. E isto é em tudo, passar-se de bestial a besta vai um instantinho…a memória encolhe em água fria!

2 comentários:

Miss Lee disse...

disse muitas verdades neste post. e muitas das culpas recaem sobre os jornalistas. mas que "no fundo todos temos um Fernando Rocha dentro de nós, camuflado em Dulce Pontes" foi das tiradas mais brilhantes de todos os tempos!!!!!

João J. disse...

Isso do bestial a besta ser num instante.. não é novidade... Agora ainda vires com esse caso da miuda à baila, como se os pais tivessem sido bestiais.... discordo em absoluto... a verdade é que o excessivo mediatismo (a que eles se predispuseram) a mim nunca me enganaram (acho que num comment anterior disse qq coisa sobreisso). Sempre achei que tanto alarido trazia água no bico, e que a história estava mal contada desde o início.. caso para dizer.. gato escondido com o rabo de fora... ;)