sexta-feira, 9 de março de 2007

A Chave ou o Dinheiro??

“ A chave ou o dinheiro?” gritava a amiga Olga com um sotaque nortenho carregadíssimo. O Público entrava em êxtase, batia palmas e gritava até os pulmões doerem : “ a chave” , o outro grupo gritava “ o dinheiro!!”.

Ali era uma espécie de arena em que o público se rejubilava tanto com o sucesso de quem lá ia, como a perda total do desgraçado que saia de lá de mãos a abanar... sem chave.. sem dinheiro!No final ainda tinha que fazer um ar tosco e dizer a frase politicamente correcta “ o que importa é concorrer” e ia aziado de autocarro para casa com o bilhete mais barato.

Os tempos mudaram, a “Amiga Olga” ,que era quase a avósinha loura das criancinhas deste país, até ja se permitiu que um “sôtor” qualquer lhe redesenhasse a cara e lhe retirasse as inestéticas rugas.

A “Amiga Olga” é uma boa metáfora dos novos tempos da televisão portuguesa. A cara até pode estar melhor, até pode estar toda esticadinha e mais atractiva, mas basta que ela se levante da cadeira, para perceber que o resto do corpo continua flácido e pouco trabalhado.

A televisão também foi-se alterando, mas apenas com plásticas sucessivas à cara... o resto manteve-se e o coração está fraco e alimentado a pace maker.A “ chave ou o dinheiro” já não se usa. Podia voltar um género de progama assim apresentado por exemplo pela Júlia Pinheiro. O programa voltaria ao ar com cara renovada, com uns ingredientes extra fazendo jus à teoria do eterno retorno!

Podia ser mais ou menos como a “ Amiga Júlia” que oferecia “ lipos” ou “ plásticas”. Punham-se umas velhas a gritar : “ a Lipo” as outras “ a plástica” e a vida de um qualquer desgraçado era ali decidida na arena por qualquer um que se deixasse influenciar por quem gritasse mais alto: “ Ah ok! Pode ser a plástica! “.

Já ninguém quer carros para nada, o público ficou mais egoísta e vaidoso e por isso começaram a aparecer programas de renovação de look total ( Escadrão G, Espelho Meu, etc..) e que alteram as partes do corpo ( Doutor Preciso de Ajuda) e pelos vistos os produtores de televisão descobriram a pólvora.

As necessidades alteraram-se e criou-se a ideia de que uma boa imagem é a entrada directa para se conseguir tudo: um bom casamento, um bom emprego, uma casa, um carro, viagens e por ai em diante! Os produtores acham-se uns messias modernos por ensinar a pescar em vez de dar o peixe, seja lá o que o peixe for! (Será o chamado Serviço Público?)

A chave esta lançada , o palco montado e o público afina a voz, o que sairá daqui?

1 comentário:

Anónimo disse...

ENTÃO NÃO HÁ NOVIDADES SOBRE ROMA?
É UM ASSUNTO ESQUECIDO?
ALGUM TRAUMA?
O ANÓNIMO