Hoje está a ser discutida a nova lei anti-tabaco.Acho hipócrita o modo como foi levado esta a medida a tender grandemente para o fundamentalismo. Todos sabemos que o tabaco faz pessimamente a saúde, e que há inúmeras doenças gravíssimas que estão directamente relacionadas com o consumo do tabaco. Não há argumentos possíveis contra isto.
Agora honestamente estranho quando há meses atrás foi feito um referendo para que se despenalizasse o aborto no nosso país e que as mulheres deixassem de ser marginalizadas, agora a mesma sociedade que votou contra o que se diz ser “ uma grande hipocrisia” agora faz o mesmo com os fumadores, tratando-os como criminosos e “ puníveis”.
Acho desonesto que se faça num Estado que parece estar mais importado com punir do que ir a raíz do problema, que prefere apontar o dedo e mandar reguadas com multas pesadíssimas em vez de apontar um caminho sensato em busca de uma solução.
Tenho dificuldade então em perceber onde é que está o limite da legitimidade e do “ socialmente condenável”. Será que a mesma sociedade que rejeitou fechar os olhos a uma hipocrisia agora venha fazer o mesmo com este problema?
Qual é a medida “ legítima” que se utiliza para que as mulheres que fazem um aborto não sejam condenadas... e que se condene e se trate os fumadores como indignos e como censuráveis?
Aceito que não se deva fumar em toda a parte, o Estado deverá salvaguardar a saúde pública e por isso o meu ponto de discórdia está nas “não soluções” e na tónica fundamentalista da “punição” por si só. Quem fuma terá de ir escorraçado para a rua fumar? A minha liberdade termina quando interfiro na liberdade do outro. Só está aqui salvaguardado um lado, como se a cisão do "bem" e do "mal" estivesse apenas do lado dos que apregoam a " moralidade ". Como nunca se viu antes, a classe dos moralistas instantaneos cresceu e actua como se apenas tivesse direito a ter voz,e que tenha o direito de aplicar um castigo severo a todos os meninos " feios" e já agora umas idas para o quarto escuro.
Deverá haver, no meu entender, medidas de prevenção sustentadas, mas isso não invalida que haja espaços condignos para fumadores com uma ventilação apropriada e que os impostos altíssimos que se pagam por cada maço de tabaco, não sirvam para amealhar nos bancos do Estado à conta de um problema, mas tenham um retorno. Isto sabendo-se que a venda de tabaco em Portugal rendeu ao estado mais de 1400 milhões de Euros em 2006, só em Imposto sobre o tabaco e que o preço aumentou 9% ( este ano) no preço total de venda ao público.
É inadmissível que o mesmo Estado que cobra pesademente sobre o vício, que utiliza argumentos de “saúde pública”, apenas o utilize na altura de cobrar, e de censurar. É inadmissível que não se use parte desse imposto para que sejam comparticipados medicamentos para curar do vício e da dependência da Nicotina, nem sejam facultadas e consultas para quem pretenda deixar o vício. Saúde pública não deverá ser então isso?
Talvez as reguadas sociais tenha os seus efeitos, os olhares repressores também bem como as multas. Contudo, o problema mantem-se na mesma, mesmo em frente dos olhos dos " moralistas". No sossego do lar o problema persiste.
Parece-me a mim, que de medida altrúista do Estado, se tem realmente esse propósito, não dei por nada... deve-se ter dissipado em fumo...
6 comentários:
Penso que a questão aqui é dinheiro: os impostos sobre o tabaco rendem uns belos trocos...e as multas vão render mais uns troquitos...a Saúde Pública é secundária, é tão secundária que se fecham unidades de saúde como quem troca de camisa...
Todos nós sabemos que o Estado arrecada dinheiro de todas as formas possíveis e imaginárias.. mas neste momento tenho de concordar que os fumadores deverão ter espaços próprios para exercerem o seu.. vício. Nunca gostei de ir almoçar a um restaurante e a meio ter de "gramar" o fumo que vem de alguém que já vai no seu cafezinho... Mas com estas novas alterações, nem todos podem criar novos espaços para esse fim. Só tens um remédio... deixa o tabaco!!!
Cara Engenheira,
Deixem o tabaco e ingressem no vinho, eis o repto.
Da S. dissertação sobre o tema ficou aquela que eu considero a pedra de toque em toda e qualquer questão social: a de que a nossa liberdade termina onde começa a do outro.
E, Estado à parte, se todos agissemos dessa forma (mesmo que isso nos imponha um sacrifício), se calhar o mundo utópico bom de viver ficaria ao alcance de cada um de nós.
E agora vou beber qualquer coisinha, que esta cabeça, de tanto filosofar, já deita fumo e não tarda nada estou a ser "coimado".
Hic Hic Hurra
Não quero parecer bruto...mas fumar é dos vicios mais parvos que existe, ora que piada tem meter fumo para dentro dos pulmões?Tipo, o tabaco nem sequer dá uma sensação diferente...Mas acho que deve de haver o minimo respeito entre as pessoas.As pessoas que fumam, devem ter o minimo cuidado para não estarem a incomodar os outros com o seu fumo. Não concordo com a suposta Lei, pois parece que regressamos ao tempo Pidesco da denuncia, de quem fuma ou não, e lá se andará a medir a àrea dos restaurantes a ver se têm 100m ou n...enfim, uma vez mais, uma medida autoritária destes rositas murchos!
Sem querer ser por demais crítica, no entanto, tenho observado que as autoras portuguesas de blogs são perfeitas anònimas. Frilosas, elas usam imagens de outras pessoas no lugar das delas e pseudónimos em ingles, é claro. Vez por outra, para não esquecerem a língua-Mãe, escrevem frases em francés. Ou então (e já é clássico), mostram um olho. Ou um "close" dos lábios. E tudo isso sob muitas camadas de Photoshop, naturalmente, para não serem reconhecidas. Ou então, para serem originais (como todo mundo faz) fotografam-se atrás de uma imensa cámera digital que lhes tapa a cara. Pronto, assim não se sabe se é mulher ou mesmo se é homem. Mas por que tanto temor de se mostrar um pouco de si, ó raparigas da pátria anciã ? afinal, mostrar um prenome não incrimina ninguém neste mundo – por mais virtual que seja ele. É tão frustrante para quem lê um texto de uma destas "blogueiras" medrosas e anónimas. Fica-se a imaginar de qual idade será, ou mesmo se foi homem ou mulher que o escreveu. Porém, nada transpira, tudo é sigilosamente guardado pois se o pai ou a mãe – ou mesmo o marido ou o noivo – virem a saber....
Infelizmente as portuguesas são muito arredias, temerosas demais. Morrem de medo de um dia virem a ser reconhecidas em um blog pelo que pensam, e pelo que escrevem. A Idade Média parece até que foi ontem – ou que nela vive-se hodiernamente, em Portugal. Mesmo que tais anónimas só escrevam sobre as suas sacrossantas tolices do cotidiano. E por que um tal temor, ó Deus de Roma? julgam-se feias, seria isso? ora, não existe ninguém feio nem feia, tudo é tão relativo. Talvez que as moçoilas portuguesas não se aceitem como são. Tolice. Geralmente, no mundo civilizado quem faz um blog fala um pouco de si, do que faz, do lugar onde vive; não faz tanto mistério assim porque, na realidade, o ser humano nada tem de misterioso. Somos todos iguais e simples, de facto. Basta apenas termos o olhar certo e nos veremos sempre como tais e quais nós realmente somos. É lamentável esse comportamento das mulheres portuguesas nos blogs. Eu e meus amigos franceses chamamo-nas de "as Escondidas de Fátima". Tal comportamento, absolutamente anacrónico, dói-me cá no peito pois faz-me pensar em épocas remotas e tristes, em claustros monacais, em decrépticas torres e aldebarãs, em tantos obscurantismos passados...
Saudações herméticas.
Cara Terna Piedade,
parece-me a mim que escreveste este texto padrão, para publicar como comentário simultaneo em vários blogs femininos...senão vejamos:
1- o teu comentário não tem nada a ver com o post que escrevi;
2- o teu comentário não se inclui no meu blog, porque tenho algumas fotografias publicadas ( poucas é certo) mas tenho... ( "um momento de riso") e no início do blog tinha uma fotografia da minha cara, até que comecei a receber comentários anónimos e retirei para não me chatear mais com isso.
mas pronto, para que não fique dúvidas, chamo-me Maria João, tenho 25 anos... e toda a gente que me conhece sabe que tenho este blog.
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