terça-feira, 11 de setembro de 2012

Toca a mexer

Um dos programas que mais me prendeu na televisão foi o Biggest Loser que comecei a ver num por canal por cabo Americano. Não conhecia o formato mas fiquei imediatamente fã do programa. Doze concorrentes obesos, dois treinadores lixados, desafios semanais em que tinham que lutar pela imunidade, tentações que eram postas no programa que davam certas regalias e por fim a pesagem que era o culminar de todo o esforço. Semanalmente dava para ver a diferença física e psicológica dos concorrentes. 

Eu gostava do programa porque não tratavam os gordos como coitadinhos, como os desgraçados da sociedade que enfardavam três quilos de piza diários e donuts porque tinham tido problemas de auto-estima e tinham tido uma infância difícil. Ali, assumia-se sem rodeios que a obesidade era uma adição, que eles estavam ali para se livrar do vício e tinham era que mexer o rabo e andor para o ginásio. O Bob e Jillian tratavam-nos de igual para igual e em nenhuma parte do programa, e vi muitas edições, os concorrentes foram ridicularizados por serem gordos. Eram concorrentes e estes estavam ali para perder peso e para ficarem saudáveis. E como tal, tinham que fazer o que era pedido e sem problemas de ferir susceptibilidades.

Eu estava com uma expectativa grande em relação ao Biggest Loser versão Portuguesa mas vi imediatamente que o programa ia ser diferente, muito diferente. No primeiro episódio vi logo que aquilo ia ser com a tónica do coitadinho que é gordo e só me lembro do rabo da Susana à mostra quando caiu no meio da lama em plena prova. Não gostei, não precisavam de o ter mostrado. Mas aquilo dava audiência, a gorda de rabo de fora estendida do meio da lama. E lembro-me de toda a gente falar nisso. “Ai coitada”. Era difícil lembrar-me de uma situação mais humilhante.Mas isso mostrou logo como o programa ia ser, eles sempre a refilar porque estavam cansados, eles os coitados que engordaram com o ar que respiravam e que eram vítimas da sociedade. Estivessem lá o Bob e a Jillian e tinham levado uns berros valentes para ver se não se punham finos. Por isso, a edição Portuguesa (as duas) ficaram aquém da expectativa, se bem que a segunda foi um pouco melhor.

E agora vem o “Toca a mexer” que é para pôr gordos a dançar. Este programa vai ser para concorrer directamente com a Casa dos Segredos. Pois se a Casa dos Segredos mete bimbas, pêgas, assaltantes, burras que nem uma porta, a SIC vai ter que jogar alto – ou antes, baixo! O objectivo não do programa da SIC não é que aquela gente perca peso. As televisões não são a Santa casa da Misericórdia, têm em mente as audiências e o que a malta quer é palhaçada. Por isso se explica que a Fany e a outra burra que não sabia localizar nenhum país num mapa se tornassem vídeos virais. O efeito da perda de peso no programa é meramente colateral, o objectivo, está-se mesmo a ver, por o país a rir ao ver os gordos, tais qual Popota, a fazerem figurinhas ridículas.

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