Está na boca de toda a gente … o “ subjectivo”! Atravessa transversalmente todos os temas...E a mim parece-me bem, principalmente quando alguém sem argumentos solta da manga um “isso é subjectivo” profundo e alongado… e a conversa pára por aí. O “ isso é subjectivo” é um bloqueador de conversas perfeito para quem pretende encerrar de vez uma conversa.
Apetece dizer, “é subjectivo, porquê?” mas a pergunta não sai nem tímida nem sonante…. Simplesmente não sai!Ignora-se e engole-se a seco… é subjectivo pois!
Apresento agora um argumento:
Segundo um estudo hoje apresentado em Lisboa pela presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género nos últimos seis anos (entre 2000 e 2006) o número de ocorrências de violência doméstica registadas pelas forças de segurança quase duplicou, passando dos 11.162 para 20.595.
Trinta e nove mulheres portuguesas foram mortas em 2006 pelos maridos ou companheiros e outras 43 ficaram gravemente feridas.
Tomara eu que me dissessem que isto é subjectivo! Que isto é apenas uma percepção da realidade que vejo, que os números que nos saltam a vista é subjectivo, que é subjectiva a dor, que a violência doméstica não passa de uma alucinação, um desvio do real , que é subjectivo o sofrimento…Tomara que me dissessem isso! Que tudo não passa de uma reconstrução nos nossos limitados mecanismos cognitivos da percepção do real!
Se o seu antónimo é “objectivo” pensei assim que o “subjectivo humano” é o agressor… objectivamente não existe.. objectivamente não merece que assim o seja tratado. Não o merece “ser” de facto...
Serão números preocupantes? Os números objectivamente não o são. Preocupante serão as caras desconhecidas que se escondem por trás dos números, outras que nem nos números aparecem e que se imaginam superiores… as vozes que não ecoam, que se escondem por trás da cortina de ferro de muitas casas.
"Contra números não há argumentos" é o que se diz… uma subjectividade objectiva?
1 comentário:
Cara vizinha,
A violência doméstica pode ser subjectiva nos números, mas garanto-lhe que é, objectivamente, uma realidade em franca expansão, nacional, europeia e internacional.
Com a agravante de, muitas das vezes, tudo ficar bem escondido no recanto do lar, que será tudo menos pacífico.
Hic Hic Hurra
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